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Depryzinha. Fusão de depressão com Pryscilinha?! Sim. Autobiográfica? Julgue.

Tive depressão numa fase da vida, coisa que acontece com cerca de 20% da população mundial, agorinha. Quase todos foram ou serão assolados pelo "mal do século" em algum momento.

Hoje tenho consciência do que é a tal da depressão, mas só fui descobrir realmente pelo que eu passava quando  já não havia mais ladeira para descer. Procurei médicos especializados (e a vergonha de dizer "psiquiatra"?) para colocar essa estranha no ninho, sem eletrochoque.

Até que achei um bom veterinário que cuidou dos bichos da minha mente. Ele conseguiu manter um nível saudável de minhocas na minha cabeça. Afinal, algumas delas arejam as ideias.

Mas até então, ouvi tudo o que um deprê ouve quando tem emprego, cabeça, corpo, membros, saúde razoável, carro mil, amigos, família, cachorros, alimento e tudo o mais que deveria, milagrosamente, transformar qualquer ser humano numa criatura "feliz". Confesso: tinha tudo para ser felizona mesmo. O único problema era que eu tinha algumas substâncias circulando erroneamente no meu corpinho, como qualquer felizão corre o risco de ter. Mas vá explicar isto para os (felizmente!) "leigos".

Achei melhor ficar quieta (até porque não dá vontade de falar com ninguém mesmo) e fiz da depressão, uma amiga nada imaginária.

Num exercício de autoconhecimento, afundada na cama há dias com um pijama velho e cabelo seboso, flagrei-me rindo do meu comportamento atípico. Foi aí que resolvi criar a Depryzinha, essa mistura de nuvem negra com pentelho. Naquele momento, era assim que eu a via: uma nuvem carregada, bem pentelha, que ficava buzinando no meu ouvido e trazia maus tempos à vida. Isso foi lá por 2009. Quase quatro anos depois é que tive coragem de externá-la e a publiquei nas páginas da Ilustrada, da Folha de São Paulo.

Separei-me da depressão, mas tornei-a minha amiga, pois sei que ela me fortaleceu quando foi embora.

Fato é que ficamos eu, Pryscilinha, e a Deprê, procurando a graça em noites escuras. Espero que o fruto disso, a Depryzinha, possa fazer isso por outras pessoas e que elas não sintam-se tão presas dentro de si mesmas como eu fiquei por algum tempo. 

Ok. Depressão não tem graça nenhuma. Mas pode ser "tratada" com algumas pequenas doses de bom humor. Afinal, quando conseguimos rir de nós mesmos, a consciência eleva-se e conquistamos, por um milésimo de segundo, a cura para o mal do século.

Essas tirinhas são autobiográficas, sim. Mas creio que sejam de identificação universal.

Seja bem-vindo e divirta-se.

Ou procure ajuda.

;)

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